QUANDO DESIGN ENCONTRA MARKETING
Resumo abrangente do episódio
O episódio "Quando Design Encontra Marketing" apresenta uma discussão profunda entre Maurício Medeiros e Marcelo Teixeira, explorando a interseção entre design e marketing. Marcelo, com uma rica formação em arquitetura, design e música, compartilha percepções de sua vasta experiência, destacando especialmente seu período como designer-chefe na Embraer.
Pontos Principais:
Abordagem Multidisciplinar: Marcelo enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar em design e marketing, defendendo uma mentalidade orientada para processos que transcende os limites tradicionais.
Design Estratégico: A conversa mergulha no design estratégico como uma metodologia que integra os aspectos de planejamento do marketing com a execução criativa do design, criando uma ferramenta poderosa para a inovação empresarial.
Colaboração entre Disciplinas: A sinergia entre design e marketing é apresentada como crucial para criar valor e aprimorar a percepção da marca. Marcelo sugere que a colaboração eficaz pode superar desafios comuns no alinhamento dessas áreas.
Paisagem em Evolução: A discussão também aborda a paisagem em mudança do marketing e design, impulsionada por avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor.
Aceitando a Mudança: Marcelo e Maurício discutem a necessidade de profissionais de ambos os campos aceitarem a mudança e se adaptarem às demandas evolutivas do mercado.
Percepções baseadas em números:
A trajetória de carreira de Marcelo, da arquitetura e design ao ensino e fundação de seu estúdio, ilustra o valor de um conjunto diversificado de habilidades na navegação da interação complexa entre design e marketing.
A referência à Embraer, o terceiro maior fabricante de aeronaves, sublinha a escala e o impacto do design estratégico em indústrias de grande porte.
Descrição completa do episódio
Sonhadores e Fazedores, bem vindos ao Podbrand, o podcast sobre design, estratégia e inovação.
Em 2024, celebramos uma ocasião marcante, os 99 anos do movimento Art Deco, uma força estética que revolucionou o design e a arquitetura.
O Podbrand, alinhado com os princípios de inovação e elegância que caracterizam o Art Deco, presta homenagem a este movimento que transcendeu o tempo, influenciando a forma como percebemos e criamos beleza, deixando um legado que continua a inspirar o design até hoje.
Isso reflete a nossa paixão por formas que combinam funcionalidade com o toque de magia.
Sou Maurício Medeiros, consultor em Design Estratégico, mentor e autor do livro Árvore da Marca, Simplificando o Branding.
Hoje temos conosco Marcelo Teixeira.
Ele é designer, arquiteto, professor e roqueiro, e traz um vasto conhecimento e experiência nestes territórios, com uma trajetória marcante como ex-head designer na Embraer, a terceira maior indústria de aviões do mundo, e décadas dedicadas ao ensino e coordenação em várias disciplinas de design, arquitetura e marketing em instituições de ensino superior.
Ele é também o fundador do estúdio Marcelo Teixeira, e nos trará insights sobre a convergência destas áreas nos negócios.
Marcelo, seja muito bem-vindo!
Muito bacana te ver de novo aí, obrigado pelo convite, depois de mais de dez anos, há mais né, põe anos aí, muito obrigado pelo convite nesse programa aí que está tomando um rumo muito bacana, alto nível da discussão.
Muito obrigado por ter pessoas qualificadas e que acreditam na nossa área criativa.
Certamente, eu é que agradeço, Marcelo, a aceitação do convite, é uma honra te ter hoje no Podbrand, e sobretudo com essa tua experiência que é praticamente inusitada no âmbito do design, enfim, para aqueles que não estão em São José dos Campos, que é o design de aviação, mas sobretudo a tua experiência na arquitetura e no design, e também do ensino, onde o marketing faz parte das disciplinas que tu já há muitos anos lecionou.
Entrando no tema, no dinâmico cenário atual, a interseção entre design e marketing desempenha um papel crucial na moldagem da percepção de valor de uma marca.
Começo te perguntando como a colaboração efetiva entre design e marketing pode transformar a percepção de valor de uma marca no mercado, e ao mesmo tempo abordando e superando desafios comuns no alinhamento dessas duas áreas que são fundamentais no negócio?
É, com essa minha formação multimídia, o pessoal fala, você é arquiteto, design, não sei o que você precisa que eu seja, eu sou um processista, vamos dizer assim.
Meu lado, onde me encontrei na realidade, nesse mix maluco de mundo, foi o design estratégico, onde é um design de processo, ponto, você quer laranjada, você desenha o liquidificador e põe a fruta ali e vai sair o que precisa.
Por muitos anos, alguns anos atrás, quando eu tomei esse rumo, fui muito criticado, você é meio bombril, cara, é, hoje o processo é importantíssimo dentro de uma instituição, dentro de uma organização, e aí, por sua vez, vai derivando coisas, então, baseado nesse conceito, a minha vida mudou, eu sou arquiteto cursante, vamos chamar de arquiteto urbanista, processo X, que a gente continua lesionando ou partilhando conhecimento com os alunos de histórias de 1914, com teses, o design também, e aí, esse alinhavar dessas duas coisas aí, ou dessas várias vertentes, surge, a partir do momento que eu conheci marketing, vamos dizer assim, em sua essência, e por sua vez, a fusão, você comentou, pô, as duas disciplinas, elas andam paralelas, elas competem, não, elas têm um, esse viés do design estratégico, ele nasce, em sua essência, a partir do planejamento estratégico do marketing, puro, com grandes referências, o aferir no coração desse usuário, desse potencial, com as ferramentas do design, poderosas, de tangibilização, disso tudo, e quando isso funde, vira um método, um processo muito poderoso, que é o papo do design estratégico, então acho que, e aí depois, tomou-se alguns outros nomes, que na verdade, não se perdeu a essência de projetar uma coisa, ou detectar uma necessidade fora, e se projetar, então acho que as duas ciências, vamos chamar assim, muitos acham que não, mas são ciências complexas, completas e complexas, que se complementam, elas ainda têm muito, elas têm um grande desafio, não só essa história que muita gente fala da competição, mas pelo contrário, quando nas minhas andanças pelo mundo, que você comentou, de eu ter trabalhado com aviação, acho que lá eu tive uma bagagem boa na questão de o que é o marketing de verdade, ou como é que isso pode ser potencializado, como é que isso é uma ferramenta poderosa de ação, para fortalecimento de marca e percepção de coisas, e a gente vê que tanto o design quanto o marketing, parênteses, melhorou muito, mas ainda tem um desafio gigantesco de se fazer percebido como valor, porque se a gente for pensar, que o marketing é a cornetinha da comunicação e o design é o que vai lançar coisas, todas as organizações, os CNPJs, deveriam ter essas duas ciências embarcadas, e não somente uma engenharia, e não temos ainda, era muito pior na época que eu comecei, quando eu tinha cabelo, mas agora melhorou bastante, popularizou, mas ainda continuamos com esse déficit, então acho que a essência toda tem valores absurdos, mas elas precisam talvez, assim como todo mundo, nesse turbilhão atual de mudança comportamental, todo mundo precisa meio se reciclar, e por sua vez, dentre um quadro comparativo talvez entre o design e o marketing, o design foi meio forçado a se, é quase um tsunami, ele entrou e não tinha como nadar ao contrário, qual foi a grande base?
A multidisciplinaridade, então tornou-se um pouco mais palatável o design e o marketing ainda está um pouco na retaguarda de produtos nesse sentido, mas ambos precisam ainda ter um papel gigantesco pela frente, são poderosos, mas precisam se mostrar mais enquanto valor.
São duas áreas com uma certa sinergia criativa, e a colaboração entre design e marketing ela pode ser um pouco complexa, as estratégias bem pensadas são determinantes para se criar um ambiente de trabalho harmonioso e também produtivo.
De que maneira as estratégias podem ser desenvolvidas para que se garanta essa colaboração entre design e marketing e que resulte em sinergia, evitando conflitos?
Até acho que talvez uma das primeiras, eu comentei, o design surge daquela, o contexto de geração de coisas era muito à força, eu tenho uma história aqui, toma, mas eu não gosto, prostre-se a mim, esse era um pouco da magia dessa comunicação, que o próprio marketing fortaleceu muito, os americanos, aquela história toda, o marketing puro sangue vamos chamar assim, onde goela abaixo, e por sua vez as operações dentro do design surge a mesma coisa, preciso ficar inventando história para poder gerar necessidades e goela abaixo a mesma coisa, na geração de produtos e etc.
Com a evolução, onde hoje o joinha para cima ou para baixo tem um poder violento, as redes trouxeram vozes de falar, não, eu não quero, eu não quero e não quero e ponto, e aí você fala, mas é o melhor, para quem, como?
Então hoje uma discussão gigantesca, põe em xeque talvez uma evolução que o marketing deu uma paradinha no tempo, que é os tudólogos da internet, que costumamos brincar que hoje a gente tem caras que entendem de tudo, mas numa superficialidade que eu fico um pouco preocupado com essa questão do futuro, o marketing sempre foi a salvação da lavoura, e vai, vai, agora o marketing digital, tá, e qual será a próxima história?
Então existe algumas bases que precisam ser revistas, nesse sentido, que o design ele, como eu tinha comentado, essa multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade, ele teve a necessidade de buscar novas áreas do conhecimento para se manter, então por exemplo, essa história de criar demanda, né, vamos criar uma embalagem a force das pessoas, elas estão precisando, quem são elas, né, você também é designer, né, no nosso eixo curricular, não tem esse, ou não tinha antigamente, para quem eu tô desenhando?
Era eu tô desenhando, a gente até brincava, né, até hoje eu brinco assim com os alunos que parece que quando nós estamos sugerindo uma possibilidade de lançamento de algo já tem três ou quatro propostas desenhadas na carteira, aí você para, mas para quem você vai desenhar?
Aí travou, né, então a gente tem aí um processo, infelizmente, que é de desenha, depois argumenta, que o design estratégico, que é essa função, né, essa fusão dos dois, põe-se em xeque, eu preciso entender as dores, necessidades, né, para gerar alguma coisa, para realmente ser validado, né, então acho que as estratégias são nesse sentido, de juntar e de se, de buscar mãozinhas, né, nós não somos, acho que a grande cultura que estamos atrás adérrimos para que ela seja estabelecida no século XXI, que é a cultura dos co, né, eu brinco, a gente tá vivendo a era dos cocôs, co-living, co-working, co-labs, ainda não são efetivas, então isso mostra uma necessidade de, ou eu preciso do outro, então o design teve que olhar para o marketing e falar, meu, você tem a maneira de chamar o nome e sobrenome do cara, né, vem aqui, economistas, né, Schumpeter, o que é inovação, vem aqui, administração, e por sua vez, contribuir de forma generosa de ferramentas poderosas que a gente tem e se apropriar, o pessoal fala que o SWOT, por exemplo, né, o SWOT é uma ferramenta de design, não é uma ferramenta de administração, que foi amplamente utilizada pelos administradores, de marketing e tudo mais, então acho que o grande segredinho é, nessa cultura toda, para se manter vivo, eu preciso dar a mão e fortalecer a cultura dos co-labs, né.
É muito pertinente essa observação sobre colaboração e sobre os cos que geram a sinergia entre diferentes profissões e atividades profissionais, um dos meus convidados foi o Edson Matsu, que foi por décadas diretor criativo da Grendene, Melissa, Ipanema, e o Edson, ele fundou a Matsu & Co, que é a empresa de consultoria dele, onde o conceito é de co-criação, e ele parte exatamente deste princípio que tu também levantas da importância de se fazer sempre com o outro, as ações que visam o mesmo objetivo.
Isso entra também, com certa relação a essa minha nova pergunta aqui, onde se estabelece objetivos claros e alinhados numa empresa, se tem geralmente os melhores resultados, e a congruência entre os objetivos de design e marketing é vital para que isso dê resultado, especialmente no longo prazo.
Em relação a definição dos objetivos de curto e longo prazo, quais são as práticas para assegurar que estejam alinhados com as metas, tanto de marketing quanto de design, em prol do objetivo que se tem na empresa?
Uma coisa é a gente trabalhar, por exemplo, eu consegui criar um caminho bem bacana, primeiro aprender dentro de uma indústria, uma indústria de ponta, que avião não tem erro, não tem acostamento.
Até as vezes o pessoal fala, Marcelo, você é meio duro, meio chiita ali, mas minha formação é complexa, eu venho de uma família tradicional, aquela coisa do pai, a mãe, não podia andar de cueca na minha casa, porque minha mãe estava lá, meu pai, então eu venho dessa pegada de respeito, de uma coisa nesse sentido.
Servi o quartel, quando entrei na faculdade fui virar militar, fui obrigado, aquela tranqueira toda.
Beleza, então é do sim senhor, não senhor, depois fui me formar ou me informar dentro de uma Embraer, onde tem uma cultura militar, que não é ruim, pelo contrário, tem uma questão de disciplina muito forte, antes até, meu primeiro trabalho, minha primeira influência criativa foi com os orientais, os japoneses, eu ganhei uma bolsa de estudo para estudar em Tóquio, estudar arte, não era pequeno ainda, no curso de giz pastel, mangá que eu participei, então eu sempre participei com essa colônia toda, então essa questão da disciplina para mim foi sempre muito evidente, e aí culminou na minha carreira de o seguinte, trabalhar com produto que não tem erro, e para botar a cerejinha no bolo, eu encanto um trilhardário, mercado executivo, que também não tem erro, tem uma máxima que não existe, uma segunda oportunidade para se causar uma primeira boa impressão, então isso para mim vem na cabeça, então as tolerâncias começam, aí depois eu tive que aprender lá dentro da Embraer e de outras empresas que eu fui consultor no mundo, e trabalhei com os alemães, então os alemães são rígidos na questão de processo, então a minha formação é um pouco complexa, fui depois para a escola, para os papéis de marketing, os papéis de design, de arquitetura, e aí agora, depois de alguns anos, comecei a equalizar toda essa história, então eu vejo que ainda não tem muito claro dentro da indústria, existe um discurso dentro da universidade, ou dentro das escolas, que isso tem esse poder, no caso do design, ou do marketing, mas quando a gente cai dentro da indústria, por mais modernidade que se há, e que tenham se discutido coisas extremamente importantes na atualidade, a estrutura organizacional não muda, a questão da injeção de capital, o resultado, o processo, o ser humano ali, e de forma contrastante, é de onde saem as grandes inovações, a questão da indústria da guerra, que infelizmente é desse jeito, mas o grande óculos que a gente usa hoje, acho que essa semana deve sair, se eu não me engano, o Apple, do realidade mixada, isso vem da onde?
Da cultura do piloto de caça, que ele não pode piscar para não perder o foco ali, então e agora está dentro da minha casa, jogando videogame, então vem dessa história e não adianta a gente querer apagar, e aí eu vejo ainda que os papéis, nesse sentido, você está falando de objetivos, antes dos objetivos, os papéis definidos, por exemplo, o marketing, uma coisa que eu fiquei bastante surpreso, é que dentro de várias organizações, existe uma divisão, aonde o marketing, como todo mundo entende, dentro das escolas, eu sou profissional de marketing, eu faço eventos dentro da empresa, então seja, ele é linha de frente ali e tal, e a parte de pensar uma estratégia, de trabalhar a toada, a pulsação de onde nós vamos, que é o timoneiro ali, ele chama de inteligência de mercado, que não tem profissionais de marketing trabalhando, tem engenheiros, aí você fala, putz, já começamos a queimar na largada, a parte de direção é feita por outros profissionais e o profissional de marketing somente fica em uma visão superficial, não que seja negativo, mas todo mundo quis, vamos trabalhar com papelaria ou vamos fazer o evento, isso é muito superficial em relação ao poder que essa ciência pode expressar, então acho que de novo, ele abre a possibilidade, bate de novo na história da colaboração, outras áreas do conhecimento que trabalham essa questão da cadência, se apropriam desse marketing todo, e o design não é nenhuma delas, então acho que nisso aí começam a surgir objetivos específicos dentro de uma organização, a inteligência de mercado é a parte estratégica de lançamento de produto, pesquisa aprofundada do conhecimento de quem é o usuário, aquela coisa teste e volta, e o grupo de marketing está muito mais focado na área de comunicação, eu vou fazer o evento, eu vou informar o lançamento, etc, então precisa ser talvez revisto essa história para o marketing incorporar essa história, nem falando de design, mas somente dessa grande área poderosa que o marketing representa.
É com o advento das mídias digitais que substituiu o poder que a televisão tinha no passado, o marketing está tendo que se reinventar a cada nova descoberta dentro desse novo território, as lojas de aplicativos, todas as ofertas de serviços que são novas, inovações que são exponenciais, há um ano e quatro meses ou um ano e três meses atrás o chat GPT entrou no ar, em 2022, e hoje nós temos dezenas de novas soluções a cada semana que concorrem com o chat GPT em outras entregas e algumas inclusive se utilizando dos recursos do chat GPT, mas é impressionante como evoluiu, e isso o marketing precisa acompanhar, porque as pessoas, sobretudo nas novas gerações, elas têm este meio como ponto de contato com as marcas, com os negócios, é impressionante isso.
Eu tenho até um gráfico, depois eu posso compartilhar com você para a gente inserir nesse nosso bate-papo, tem um gráfico de inteligências artificiais, onde você, é lindo, é um disco de cores que a gente tem, de possibilidades de ferramentas em todas as áreas que você imagina, a gente fala do chat GPT, que é o gestor da porcaria toda, a gente precisa ser o GPT, gestor da porcaria toda, mas a gente atribui para ele ali, então o chat GPT é uma das ferramenticas de produção textual, mas tem de produção gráfica, e a gente começa a brincar assim, mas é muito novo isso, depende do que é novo, Adobe, por exemplo, já há 12 anos já incorpora inteligência artificial dentro das ferramentas, Photoshop, criar os batizinhos para poder ficar fazendo aquelas coisas que a gente já fazia, hoje é tudo automático, então aparecem aquelas versões agora de faça, já estão capinando há muito tempo, e aí como eu comentei, o mundo é figital, essa avalanche de pandemia é muito, mas estamos com esse conflito que eu falei, estamos há 24 anos atrasados, a cultura da colaboração nasce na virada do século, mas todo mundo, deixa, deixa, infelizmente a pandemia aconteceu, perdemos, foi trágico, mas se ela não tivesse acontecido e tentado colocar o trem no trilho, a gente estaria muito mais defasado, hoje a gente vê nos grandes centros, uma vez que eu morava em São José dos Campos, hoje eu estou em São Paulo, em São Paulo na época da pandemia dava medo, medo assim, lógico, tem medo do vírus, mas não tinha uma pessoa, uma viva alma andando, somente os motoboys, eles foram que movimentaram a cidade inteira porque tinham que levar comida para a galera, olha que classe hardcore, que é pouco valorizado, mas era inacreditável, ou digitaliza-se ou você está fora, ou você está ponto com ou ponto fora, e com essa brincadeira, tem gente que está pensando, vamos voltar ao que é o antigo normal, então nesse sentido, eu fico assustado, como você comentou, esse avalanche e essa agilidade do mundo contemporâneo, eu li hoje um post de profissões que podem acabar com a partida da inteligência artificial, etc, etc, a gente está vivendo a quarta revolução industrial, e aí por ver um dos tópicos lá, tem lá profissionais de marketing, eu parei, eu falei, meu Deus, cara, aí é uma alavancando que eu acabei de comentar, a parte do pensamento estratégico, eles ainda não assumiram e deveriam, porque os eventos, comunicar hoje, um promptzinho que você domina ali, vai fazer, então isso é muito triste, a gente está falando assim, ah, mas isso aconteceu agora, não, a cada virada de século, a cada virada de revolução, as revoluções não são ferramentas, são comportamentos que a sociedade te adota, na época da primeira ou segunda revolução industrial, vapor ali, e aquele povo que estava batendo nas ferraduras de cavalo, eles tiveram que se virar para poder criar daquele metal a roda, então essa dor, essa coisa toda sempre existiu nos pontos de inflexão, e agora nós estamos falando, por exemplo, minha esposa tem 44 anos, ela fez curso de didatilografia, garanto para você que eu não consegui tirar um pavo dessa função dela, nem na época e nem agora, quem lembra disso, quem fica ainda pensando no Telex, as coisas vão vindo como uma avalanche, então como começamos o nosso papo, todos precisam se reinventar, e eu duro, para ontem, essa é uma dureza que estamos sofrendo, com problemas de estresse, problemas mentais.
Bom, eu sou do clube da sua esposa, porque eu também fiz o curso de didatilografia, foi a minha primeira formação com diploma, eu falo do século passado, é lógico.
Eu também sou.
Um outro ponto relevante disso que tu comentaste, é que o marketing, por conta da disponibilidade ao acesso da comunicação, que antes era restrito a quem pagava mais, para rádio, jornais, televisão, e também existiu uma época das revistas, que hoje praticamente estão em febre.
Qualquer profissional, hoje, que tenha um bom produto, uma saiba comunicar e fazer uma atividade, consegue exercer um papel de marketing dele próprio.
Vou te dar um exemplo, meu médico, doutor Fernando Lemos, foi agraciado, há três semanas atrás, com o prêmio Ibeste de médico fluente do Brasil, e ele tem quase 6 milhões de seguidores no canal do YouTube dele.
E para ter uma ideia, ele clinica e faz as consultas, as cirurgias e tudo mais, na cidade de Rosário, que é no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai.
Então, são quase oito horas de dia alegre de carro, e vem pacientes de várias partes do mundo e do Brasil inteiro, para consultar com ele, lá.
Então, para ver a importância do profissional se colocar no mercado, utilizando essas ferramentas, e ele faz com o celular, é impressionante o impacto disso.
E isso que eu acho, talvez, a não evolução das pessoas, é que existe um termo que, vamos falar da nossa época, daqui a pouco eu faço cinquentão, e a gente falava muito, você tem que ser raçudo e tudo mais.
Agora tem um termo bacana, chamado resiliência.
Cara, que a vida inteira você teve que se virar, tomou um tiro, levanta, caiu, engole o choro, na nossa época, engole o choro e vamos que vamos.
Agora tem mais amêndoas.
Foi bonito, né?
Você é resiliente.
Putz, cara, mas tem uma carga punk em cima dessa brincadeira, né?
Que a turma talvez não tenha entendido.
Mas essas mudanças todas estão acontecendo de uma forma gigantesca, e aí tem, talvez, as pessoas um pouco mais que não querem sair da sua mãe de conforto.
Começa a falar, não, isso tá errado, isso tá ruim e tal, né?
Enquanto isso, você, enquanto fica crescendo essas críticas, o mundo tá mudando a parte comportamental.
E eu acho que, isso que você comentou, eu até lembrei de um fato, que antigamente você tinha, né, para divulgação de produto, o marketing era aquele que tinha um segredinho de sucesso.
Eu falei, salvação à loucura.
Se você dominava essa, né, essa ciência, meu, você tava no céu, literalmente.
Porque você era o cara da TV, você tinha todas as mídias na tua mão, né?
Ele até dava um tombo nos jornalistas, ele e tal.
Muito bem.
Então, né, quem aparecia na TV e tudo mais.
Hoje, e aí, a partir dessa, desse tipo de função, começaram a surgir os formadores de opinião, né?
Que eram contados no dedo, assim como hoje, continua-se sendo contado no dedo.
Mas o que eu tô querendo expor?
A mudança de perfil e a mudança de, de, de, de função mesmo.
Por exemplo, você queria que um produto desse certo, é, contrata lá sua conterrânea, né?
De Zelle Bintz.
A mulher botava a mão e é, tudo vira ouro, muito bem.
Mas a quanto custava essa ação?
Não tô dizendo que não valia, né?
Ou então, eu teria que botar uma modelona, né?
Ou alguém, né?
Eu preciso de uma TV.
Não, custa uma fortuna.
A mídia, ou então, uma revista, etc.
Hoje, essa mudança vem acontecendo.
A pandemia foi uma que, foi, foi a que mais escancarou isso.
Os, os programas de TV eram aquela, põe a câmera aqui, põe a câmera lá, né?
Hoje, qualquer pessoa pode ser a primeira.
Eu me camelei, porque eu comecei, a pandemia fechou tudo, eu comecei a ligar para os amigos e falou, como é que eles estão?
Pô, quero saber, pô, né?
Como é que tá, tá um horror, um inferno inteiro.
Eu falei, vamos fazer isso via Instagram?
Ok. Meu, era muita gente.
Aí, eu recebi, em tarde, nossa, cara, você está inovando.
Eu falei, caramba, se inovar, se perguntar dos meus amigos e gravar essa fala, é inovação, nós estamos muito na roça, né?
E aí, eu tive que ir atrás de ferramentas de streaming, como é que, assim como você, o equipamento que você tem aqui é fantástico, a maneira da transmissão, é para um cara que fez rádio e TV na sua formação tradicional, né?
De repente, começa a surgir coisa.
Lançamos uns produtos, uma época, para Cavaleira, né?
Cavaleira de Jô, que é customizado numa bicicleta de madeira, junto com o Júnior, Dilbar, da Parma Móveis, e fomos fazer a linha Cavaleira de Móveis.
Muito bem.
Fomos lá, lançamos uma bicicleta maravilhosa, customizada, tem até no site, e a linha de móveis dele, assim como tem a Armani, como tem, pô, vamos lançar uma linha pop, hardcore, né?
Rock and Roll, onde muita gente, a gente se ligou a várias celebridades desse mundo do rock e tudo mais.
Fomos lançar, aqui em São Paulo, na Oscar Freire.
Tinha uma pop-up store luxuosa, né?
Que é uma rua maravilhosa, que é o quarteirão do luxo paulista, brasileiro.
Que, beleza, fomos lançar.
Chegamos e lotado de gente, né?
DJ, aquela festa, uma reivona.
Aí comecei a falar, mas quem é aquele cara lá, que conhece?
Não, ele tem 12 milhões de seguidores.
O que ele faz?
Ah, ele fala, ele canta, ele é rapper.
Aí você fala, uau.
Então, a maneira de se negociar e de se fazer marketing, de se comunicar, mudou definitivamente já há quatro anos, no mínimo, né?
É isso que você falou.
O povo popular assumiu, teve voz.
Então, hoje, né, toda aquela dificuldade que se tinha para lançar uma música, não estou criticando, mas, mesma coisa, não é juiz de valor.
Ou, por exemplo, somos teóricos, né?
Tem um livro teu, etc.
Será que eu preciso de uma editora para poder ter esse alcance?
Ou, além de eu produzir isso, eu questiono pra caramba.
Produzo papers fantásticos, de inovação, etc., para eu publicar em algum lugar, não tenho que pagar uma grana para o cara.
Ô, louco, cara.
E aí, no final, o que sobra para você, enquanto autor?
Estamos vivendo na época dos artistas.
De repente, uma internet, que eu acho que eu acredito demais nessa história.
Nesse ponto, eu acho muito legal o alcance dessa história.
E aí, talvez o marketing não se ligou nisso ainda.
Poxa, estamos aqui falando, né, num bom dia, boa tarde, boa noite.
Sei lá que hora que eles vão ouvir o nosso, ou vão assistir o nosso bate-papo, mas é a de eterno.
Assim que você quiser tirar da internet, ok.
Qual o alcance disso?
Eu tenho mapeado, né?
Eu vou para uma sala de aula, e a gente não percebe esses ganhos.
Você vai para um auditório, no Mackenzie, por exemplo.
Estava de manhã, numa abertura de Solene, lá do nosso semestre.
Tem um auditório de 900 pessoas.
Top!
900 pessoas, talvez, em uma sentada de uma live.
Você, puff!
Eu dou aula para 30 alunos, ou 15 alunos.
Na hora que você abre uma live de 100 pessoas, nós estamos quase num auditório.
Olha o alcance disso, né?
Então, mudou o meio.
Então, acho que o marketing popularizou, e eu acho que quase que ele não está conseguindo, né?
Quem está com a red, ali, agora, tradicional, está quase perdendo a mão, porque qualquer um que tenha o tal do engajamento, virou um profissional de marketing que, meu, está levando a própria moeda de troca.
Você acabou de falar com o seu médico, tem quantos milhões de seguidores.
Olha isso.
É uma nova moeda.
The new oil.
Exatamente.
É muito estimulante, né?
Medir o impacto do design nas estratégias de marketing é um aspecto, eu diria que, fundamental para entender o retorno sobre o investimento e o valor agregado ao negócio.
Quais métodos as empresas podem utilizar para medir e avaliar o impacto do design em suas estratégias de marketing?
Bom, eu sempre curti, embora seja mais teórico, acadêmico ali e tal, mas eu sempre curti pesquisa aplicada.
Então, nesse sentido, você teste as suas teorias e usa os métodos, mas vamos ver como é que se comporta isso na prática, né?
Então, eu acho que... até testar, né?
Eu acho que o design trouxe muito forte essa história do teste.
Pouquíssimos produtos hoje que são pensados, produtos ou serviços, ambientes, que são pensados na forma tradicional, que é o quê?
Vamos lançar alguma coisa, faz três propostas, duas, e faz o Frankenstein e lança.
Isso já acabou, porque aí a rejeição acontece, um abraço.
Tem que ser invertido.
Então, de onde nasce essa brincadeira?
E talvez não só o marketing, mas todas as demais ciências deveriam pensar nessa questão de medir o ganho através do seu processo.
Dentro do design, a gente tem hoje uma série de combinações de métodos e processos, onde, a partir de ferramentas, por exemplo, dinâmica de shadowing, ao invés de eu criar uma...
Ah, preciso desenhar uma cadeira.
Muito bem.
Então, eu pego, invento a cadeira ali, mando fabricar, ponho no mercado, produzo, e aí você fala, hum, não era bem isso.
É o contrário.
Eu tenho que ir, ou, vamos, cadeira, vamos lá, um novo produto que vai para o supermercado, talvez seja mais emblemático nesse case.
Vamos criar uma embalagem para um redesenho do Homo.
Agora, tudo minimalista, o Homo branco, escrito Homo, beleza.
Se é que já não tem.
Aí, o pessoal vai, goela abaixo, põe lá, o pessoal, não entendi, eu lembro do Homo vermelho e azul, ali, e tal.
Será que é bom?
Mas tem o Homo sabor tutti-frutti, que é rosa, tem o sabor limão, que é verde.
Você causa um certo desconforto.
Muito bem.
Por que não fazer o contrário?
Por exemplo, falando de shader, por exemplo.
Sai com uma câmera escondida, tem a lei de proteção de dados, outros 500 que tem que ser revisado, tudo mais, ou considerado, mas a gente tem.
Você sai observando o comportamento in natura.
Como se fosse assim, vamos tirar uma fotografia.
Tira a foto.
Não, você vai se arrumar.
Esse não sou eu, meu.
Eu faço isso, sei lá, eu ando.
É para esse cara aqui que você está desenhando, não é para esse cara.
Está de terninho, tem momentos que esse cara atua.
Então, essas ferramentas do design são poderosíssimas.
Quer um outro que arrebenta?
O mapa de empatia.
Eu acho tão legal essa parada toda, que você domina esse assunto também, na mão de outros, de outros saberes, que você fala, mas peraí, um dia tem uma, não sei se é lenda urbana, mas eu ouvi falar que um belo dia, uma médica veterinária, que era parente de um professor, amigo meu, que eles se encontraram, ela está lá, onde você está indo?
Estou indo para os Estados Unidos.
Ah, é?
Que legal.
O que você vai fazer lá?
Vou fazer um curso de design thinking.
A veterinária falou.
Ele parou.
Como assim?
Design thinking?
É, porque a gente precisa entender melhor o processo para poder atender os animais, etc.
Aí eu parei, eu falei, nossa, cara, onde chegou?
Ou então, assim como você, eu sou convidado para poder ir em um monte de, fazer mentoria, de processos de design, de inovação, os hackathons, por exemplo.
Aí outro dia estava com um designer, meu aluno, que a gente estava numa grande marca, um evento bacanão, quem estava explicando o processo do design estratégico ou do design thinking era um engenheiro mecatrônico.
Eu cutuquei, o cara disse assim, por que você não está ali?
Na sua formação básica não era para estar lá?
Então você começa a ver que o processos e a ferramenta é muito poderosa, mas precisa ser combinada e precisa ser, talvez, vivenciada pelos profissionais.
Assim como todos os eixos, e também não é assim, nunca foi assim.
Se você foi bem matemático, você vai ser matemático.
Ou então, não é bem por aí.
Geralmente, os grandes artistas não formaram em artes plásticas.
Tunga, por exemplo, os brasileiros ali, são filósofos, etc.
Então, mais uma vez, chancelando a busca pela colaboração e, por sua vez, pedir investigar o processo metodológico de outras áreas do conhecimento.
Acho que isso é o que o design faz e faz muito bem.
Por alguns anos, eu prestei consultoria para a AB Design, que é a Associação Brasileira de Empresas de Design.
E um dos princípios mais relevantes do processo e do posicionamento da matéria em si é a transversalidade que o design tem.
Por isso que o engenheiro de mecatrônica estava lá, com autoridade, tratando de um tema que tem a origem no design, mas é transversal.
O design é uma forma de pensar, é um meio de olhar para os problemas e buscar soluções a partir disso, tendo as pessoas como centro e o design estratégico tendo o design no centro da estratégia da empresa.
Então, realmente é muito bacana ver esta evolução.
O exemplo da veterinária, enfim, é espetacular.
A estrutura de gestão no âmbito do design e do marketing é um tema, eu diria, pertinente, porque a abordagem de liderança pode influenciar na eficácia ou não.
Então, analisando a liderança conjugada do design e marketing sobre a direção de um único gestor, em contraste com a abordagem tradicional de gestores separados, qual modelo demonstra ser mais eficaz no atual contexto mercadológico que a gente está?
E quais são as vantagens e desvantagens que você enxerga em cada uma dessas abordagens?
Bom, eu estava pensando sobre isso outro dia e, de novo, mas será que eu domino esse item ou esse assunto?
Mas o engraçado foi a vivência prática dentro de uma organização onde, periodicamente, muda-se o processo de gestão pensando em quê?
Melhoria de processos, redução de custos, mitigação de riscos, etc., para chegar em resultados positivos ali na frente.
E aí vem a injeção de ânimo do mercado, que os planejamentos eram feitos de 10 em 10, depois 5 em 5, 2 em 2 e, agora, talvez dia após dia, porque do jeito que está mudando coisas e a rejeição das pessoas, é engraçadíssimo como as informações vão alterando.
Se alguém, agora, o nosso amigo lá colocou o Neurolink, pronto, a indústria médica, psicóloga, começa a soltar a coisa.
Mas, espera aí, tem um brasileiro, que é médico fantástico, que já fez isso.
Inclusive, os alunos dele trabalharam no processo do Musk.
E ele não foi acreditado.
Então, a gente está precisando rever algumas coisas.
Então, nesse sentido, essa dinâmica de mudança de modelo de gestão já existe e é extremamente normal dentro das organizações.
Então, o que a gente pode trabalhar como?
Traduzindo, modelo matricial e modelo funcional.
O matricial, você tem um gestor, onde ele é um cara que domina o processo como um todo e ele busca diferentes profissionais dentro de um determinado projeto.
E o funcional, entra o job ali, quem é o cara ali?
Departamento de Design.
Ah, é um trabalho de gráfico de brain.
Então, tá, você faz isso, vamos embora.
Eu acho que, não sei se tem um prós e contras, como você comentou no final.
Depende da circunstância, depende da época, depende do cenário da empresa.
Porque tanto um quanto o outro funciona muito bem.
Porque aí você pode deslocar, quando você tem esse controle.
E eu vivenciei muito os dois modelos, lembrar.
Tem período de dois em dois anos que eu tinha que, putz, meu Deus, conseguimos alavancar o design nesse status aqui.
Mudou toda a gestão.
É como se zera, começa o processo de convencimento, vem, volta, vem.
Na hora que você estabelece, muda de novo.
Sabe, a minha franja foi se perdendo nesse período de, caramba, como é que eu me adequo?
E o design, eu nunca vi ainda, me corrija se eu estiver errado, nenhum post dizendo que a profissão de designer iria sair do mundo a partir da inteligência artificial.
Eu já vi.
Teve um dia que um cara também me mandou uma mensagem, eu estou estudando, estou fazendo doutorado nessa área de tecnologia.
Então tudo me interessa.
O que está acontecendo ali e tal.
Até o meu primeiro orientador falou, você vai ficar louco desse jeito.
Eu falei, vou, já sou.
A gente só chancela.
E aí um dos vendedores de soluções mirabolantes ali, falou, não, você sabia, né?
Que a profissão de arquiteto vai parar, vai perder, a partir desse software.
Eu falei, nossa, talvez por culpa dos arquitetos mesmo.
A gente mirou quase que um garçom.
Quem mexe com interiores, por exemplo, difícil faz o projeto, mas fica meio dependente das lojas, para poder colocar ali, põe a cadeira, põe isso, põe isso.
Cara, em nosso papel, daqui a pouco, alguém vem com inteligência artificial e fala, o que eu preciso para ambientar?
Já está acontecendo.
Aí, conveniado, as lojas já caem.
E mais, já está acontecendo?
Não, já aconteceu.
Tem até um caso que, há um, bem, quase uns sete, oito anos atrás, eu entrei num, voltei no final de ano, fui mudar o piso do estúdio.
Estava num outro estúdio, aqui em São Paulo.
E beleza, entrei na Leroy.
Leroy?
Leroy, eu acho.
Uma dessas grandes aí.
Aí, quando cheguei, muito cedo, estava quase ninguém, mas, se eu chegar, você ia, em cada estande, tinha uma cozinha montada, por exemplo.
Aí, o cara chegava, olhava, tinha uma fotinho de uma persona, vamos falar no popular, tinha uma fotinho de alguém que poderia ser o dono daquela cozinha, um descritivo comportamental daquele cara, uma paleta de cores e a cozinha tridimensional montada.
Eu olhei pra minha esposa e falei assim, já era.
O arquiteto não trabalha dessa forma.
Hoje eu trago esse conceito dentro da escola de mixar o design pra arquitetura, pra quê?
Também pro ser humano.
E se é o interior, eu não vi ninguém ainda abraçar o telhado e falar assim, nossa, minha casa é maravilhosa.
O cara vai abraçar o tapete, ele sente, é o touch and feel dentro do ambiente dele.
Aí você começa a ver que, a partir disso, talvez, se o designer for o especificador disso, acabou.
O home center já foi lá, pensou esse método, um pouco da pergunta que você fez anteriormente ali, que está disponível, e não precisa mais de ninguém.
Aí fui investigar no próprio browser desse grande home center, que eu não lembro quem era, você já tinha.
Monte o modelo 3D do seu ambiente.
Configure ali.
Se você tiver um óculos de realidade imersiva, você coloca, você vai estar lá dentro.
Beleza.
Aí aperta o botão, tem uma lista de peça e o orçamento em pouco de mais de uma hora.
Isso quer dizer o quê?
Está na roça o arquiteto, se ele estiver fazendo o trabalho braçal, o orçamentista, o renderizador, o visualizador.
Cara, e aí?
Como é que ficam essas dinâmicas todas acontecendo a partir desse modelo?
Voltando nessa história da estrutura, dependendo do tipo da solução ou da situação econômica muda-se e é efetivo.
Trazendo para a cultura da colaboração, Marcelo falando, eu tive as duas vivências.
A multidisciplinar, que seria essa matricial, ela é mais desafiadora, porque você precisa ter voz ali, tem um conflito de ideias, mas eu acho que, para atual conjuntura, hoje ela é mais poderosa.
Porque senão você fica trabalhando com os iguais.
Os iguais.
E hoje?
Essa evolução toda, ela exige de quase todas as profissões uma nova atitude, que é o long life learning, que é o aprendizado de novas teorias, novas técnicas, novas disciplinas para se adequar a esta realidade, porque, de fato, as ofertas estão muito mais bem elaboradas para as pessoas e bem mais acessíveis também.
Eu acho que esses vieses, talvez, me recordem de dois pontos aqui.
Quando a gente tem esse papo mais tecnicista, o arquiteto, o designer tem que trabalhar junto, então eu vou ser mais propenso a defender um movimento estruturado na função.
Porém, o que rege o mundo dos negócios, o business, tem uma fala, que eu acabei de lembrar, do papa da liderança, o Jack Welch, que foi um dos heads da GE, que acho que isso deu uma chancelada na questão do transdisciplinar, porque ele falava assim, uma das falas, mais ou menos assim, acho que sempre tem que embasar alguma coisa, eu não preciso saber tudo, mas eu preciso ter os melhores do meu lado.
Cara, isso seria a, vamos dizer assim, a estruturação de um departamento transdisciplinar, concorda?
Tem um técnico lá que domina processo, sabe como entra, ele não está nem aí, não que não saiba, mas ele não está nem aí com o parafuso, porque ele sabe do contexto maior, então isso é uma coisa mais generosa, de tipo, putz, cara, eu não vou ficar lá, eu preciso do cara apertar parafuso, mas eu não preciso lá eu apertar, tem que entender a verdadeira noção, então acho que isso rege muito o mundo dos negócios, independente se tem adesões etc, mas tem muito, é quase criação de perfil de liderança, e assim, dentro dessa estrutura organizacional, são pessoas que seguem esses fundamentos aí.
Considerando essa tua experiência vasta, de longa data, em várias instituições de ensino superior, quais os aprendizados mais significantes que impactaram a tua jornada como professor de design e também nas áreas transversais a ele?
É, eu costumo brincar assim, que eu sou meio híbrido ali, onde sou arquiteto cursante, fiz arquitetura urbanismo, depois fiz mestrado e tudo mais, mas eu tenho uma vasca carreira na área do design, aprendi design na prática e depois fiz uma especialização e tal.
Então eu convivo dentro desse mundo com os arquitetos semideuses e os deusainers, né?
Então, é uma nata, assim, que você fala, meu, na hora que essa galera tombar, vai ser bravo.
Então, o mundo tá, né?
A gente quase tá em cima de uma mesa e um tapete, balançando, então, tem que baixar um pouco a bola, nesse sentido, né?
Então, acho que a gente consegue minimizar um pouco esses desafios, acho que o que eu mais aprendi, principalmente nessas áreas transversais, é essa questão do precisar do outro, a especialidade, né?
Então, ou seja, eu montei um departamento de design no Embraer, aonde eu queria ter, eu trabalhei muito com engenheiros, de todos as especialidades, aonde me ensinaram horrores coisas maravilhosas.
E, no final, tava até brigando com os caras e sendo mais engenheiro que eles, né?
Pô, isso aqui é possível, né?
Uma vez o pessoal falou assim, ah, não é possível criar o teto solar no avião, e eu tinha desenhado essa porcaria, eu falei, caramba, meu, que legal que seria, né?
Tem janela aqui, o que tem lá?
Ah, não pode, pede estrutura.
Cara, eu fui embora pra casa, sentei com um grupo lá, falei, não é possível, não, não, não, pô.
E saímos com uma solução.
A razão é transferir a janela pra cima, pô, tá aqui, né?
Então, nas contas, eu descartei depois esse papo da janela, mas não tinha nada a ver com estrutura, tinha a ver com um raio de sol ali.
Ou seja, é igual aquele papo de aquela frente do micro-ondas, né?
Que era toda preta ali, tem umas bolinhas, cara, mas vamos botar vidro?
Você não vai conseguir ver as estrelinhas, então tira, né?
Vai ser tudo preto.
Aí nós fomos convencer a engenharia que, meu, ó, não é por isso, é por aquilo, petulância nossa, né?
Essa liberdade de olhar o vizinho ali e falar, meu, que massa que você faz, vamos fazer junto?
Então, acho que isso me deu um puta case, né?
De bacana.
Eu acho que é outra coisa, né?
Com essa vivência de transdisciplinaridade, você entender ou tentar entender ou se aproximar da dor do outro.
Então, livre de preconceitos.
As pessoas, acho que todos são preconceituosos.
Por quê?
E é saudável ser.
Fecha aspas, né?
Eu sabia isso.
Eu não conheço.
Então, eu tenho um pré-conceito daquilo.
Eu preciso conhecer.
Agora, se eu continuo agindo maldosamente, aí é uma questão de caráter e aí nós não vamos falar sobre isso, mas eu preciso, eu tenho, naturalmente isso acontece, né?
Igual ter medo.
Não, eu não tenho medo.
Então, meu, você tá loucão, porque você vai botar amanhã no fogo, vai pular de paraquedas sem paraquedas, porque eu não tenho medo.
Então, são ações maravilhosas que causam o nosso equilíbrio quanto ser humano, né?
Então, acho que, por eu conviver com tudo e todos, assim, eu tento cada vez mais calçar, que é uma regra do marketing, calçar o sapatinho do outro, do cliente.
Qual a dor dele?
Se o cara é tão, assim, tem alguma coisa que tá por trás daquela história.
Isso leva tempo.
É dolorido.
Muita porrada você leva, porque você vai mexer onde não deve, né?
Porque a pessoa tá machucada ali.
Você ainda vai lá e cutuca?
Então, deixa ela cutucar, vomita, equilibra, chegamos num acordo junto.
Então, isso, acho que é um dos grandes modos operantes que eu consegui aprender.
E eu acho que estar aberto a esse tipo de troca, né?
Isso tá com a minha família, minhas filhas.
O meu departamento de criação hoje, de inovação, uma tá com 20, vai fazer 20, outra é 18, né?
Mas elas convivem comigo profissionalmente aqui desde que eu levava ela pro estúdio com 3, 4 anos de idade.
Elas falavam assim que uma ia ser designer da Barbie e a outra designer da Hello Kitty.
Falei, pô, alguém tem ganhadinha, né?
E no final, como vamos ver depois, perdi as duas praias de saúde.
Uma tá fazendo fonoaudiologia, é uma cantora brilhante, vai mexer com musicais e super artista.
E a outra vai fazer odonto.
Tá querendo entrar na parte de desenvolvimento digital porque ela gosta de informação.
Beleza, né?
A indústria 4.0 na veia lá.
Então, essa... troca, né?
Quantas vezes...
Gente, como é que tá isso aqui?
Aí elas me ensinam coisa pra caramba, né?
As plataformas.
Então, acho que essa abertura tem que ser dada.
E acho que isso eu aprendi pra caramba enquanto liderança.
E se for pensar, eu não liderei em qualquer coisa.
Eu já tava pensando assim, né?
O que que eu...
Eu tenho 48.
O que que eu já aprontei nessa história assim, né?
De cutucada.
Você comentou, pô, eu nem imaginava, pensava, né?
Pô, fui ser líder de design da terceira maior empresa de avião do mundo.
Aí montei a Forza e fiz um departamento com 30 designers lá.
Uma multidisciplinaridade absurda.
Chegamos a colocar o design num nível tão punk que hoje um dos meus colaboradores, né?
Que agora é colaborador, que eu contratei há anos atrás, é vice-presidente de design da Embraer.
Maravilhoso!
Legado, né?
Eu não cheguei a isso lá.
Mas eu abri as picadas ali, né?
É o legado que você deixava.
Um outro grande designer tá coordenando um departamento de marketing design.
É uma estratégia maluca lá de uma das maiores empresas médicas do país.
Você fala, caramba, meu!
Valeu, valeu!
De pescar, né?
Entender a sensibilidade de cada um ali e botar, ó gente, você tem a manha?
Não, não tenho.
Vai, igual aqueles paisão, né?
Vai, vai.
Então, isso é uma coisa que eu consegui captar dentro dessa minha formação, né?
Enquanto estudo de casos.
E até acho que teve dois casos emblemáticos.
Um caso emblemático que eu lembro assim é quando um projetista, que é o lance de você calçar a cara, né?
De falar puta, cara, você não é o designer.
Eu tinha desenhado uma faixa provado um esquema de pintura bacanega com cliente.
Quer dizer, chegou uma hora um projetista que era júnior, assim, o cara tinha acabado de entrar no Embraer sentou assim, Marcelo, vem cá sua faixa tá dando 30 centímetros 300 milímetros.
O Felipe, você tá louco, velho?
Que isso, cara?
Tem que ser...
Nascer no zero-zero e de uma forma tênue, vai lá pra cauda mas é isso aí.
Não, não é 30 e tal.
Daí ele virou, botou sentado.
Senta aqui. 30 centímetros?
Você tá reclamando, né?
Muito bem.
O avião tem 30 metros.
O que você acha?
Aí eu nossa!
Ué, mas não é o sabidão?
Puta, cara, olha...
Então, a partir dessas, né, quebradas de salto assim, você fala, puta, que animal.
Tem que se aprender em tudo quanto é coisa.
E o outro caso é...
Eu sou muito de se observar.
Por mais que, ah, pô, eu sei que eu tenho um know-how bacana, tenho uma formação impecável nessa trilha que eu tenho feito aí, mas eu entro nas coisas quieto.
Eu entro numa reunião e falo, peraí, onde eu tô?
Eu não vou dar uns palpites azedos.
E nessa eu aprendi como, por que isso.
Eu fui acompanhar, quando eu era estagiário, uma especificação de um avião.
E o chefe foi apresentar para o vice-presidente da Europa um esquema de pintura.
Vamos comigo?
Beleza.
Fui quietinho, fiquei quietinho ali.
O cara perguntou pra ele assim, por que você fez faixa?
Em inglês, a reunião é toda em inglês.
O cara era o inglês e coordenava a Europa.
Por que você fez faixa?
E ele falou assim, não sei, porque rico gosta.
Eu perguntei.
Aí o cara parou.
A gente apresentava ainda num board assim de toda a ilustração.
Tinha aerógrafo e tudo mais.
E tinha um vegetal que você colocava em cima, uma seda pra não machucar.
Daqui a pouco, quando ele falou rico gosta, ele pegou e fechou assim.
O cara ficou rico como?
Ele nasceu rico.
Ele...
Tá bom.
Quando você souber conceituar, você volta.
Jogou e foi embora.
Meu, eu entrei debaixo da mesa, entrei debaixo do tapete.
Falei, que vergonha alheia.
Preciso aprender a argumentar.
Então, são...
É a vivência.
Esse meu estilo de gestão muitas vezes questionado.
Você deixa os caras trabalharem livre?
Pra que eu tenho que ser papagaio de pirata?
Isso eu trago.
Essa experiência de mais de vinte anos...
Trinta esse ano.
Trinta e três, eu acho, mixada na academia e na prática.
Muito interessante essa experiência desse vice-presidente da Embraer Europa na época.
A atitude que ele tomou exigindo e valorizando o contexto que levou àquela solução.
E que não tava claro pra quem tava apresentando.
Então, muito interessante.
Bem, Marcelo, nós chegamos ao Pinga Fogo.
São três perguntas rápidas que eu faço a todos os convidados.
E que sempre, a mim, provoca muita curiosidade intelectual.
A primeira.
Quais são as virtudes do empreendedor de sucesso?
Jesus amado.
Vamos lá.
Talvez eu vou traduzir mais, mas eu acho que a persistência é o primeiro.
Putz, cara, não é no...
E tem algumas relações, assim.
Você não vai à academia, você não consegue puxar um bíceps ali no dia seguinte, você tá com ele.
Não.
É um pouquinho a cada dia.
Que talvez você nunca veja isso.
Você vai ver depois de um ano, dois anos, algum tipo de resultado.
Isso é persistência.
Outro que a gente já falou aqui é a resiliência.
Cair, levanto, chora.
Beleza, chora rápido, porque o mercado tá...
Então chora, enxuga as lágrimas e corre atrás.
Outra coisa é a abertura ao novo.
Livre de preconceitos.
Você tem esse desconforto.
Vai investigar, rompe com tudo e anda.
Pega na mãozinha e vai.
E eu acho que o...
O minato disso é a questão de um repertório diversificado.
Porque eu consigo tratar com os outros.
E eu preciso entender da dor do outro.
Rolando de mapa de empatia.
Tem dores.
Eu não tenho verdade absoluta.
Porque eu vejo...
De novo, aprendi...
Principalmente essa questão do repertório diversificado, o designer às vezes não entende que ele tem uma ferramenta poderosa na mão e é solicitado.
Ele é quase que o Mr. M. Solta aqui da cartola.
Você fala que você é designer assim?
Nossa.
Você é mudo.
O cara até faz assim.
Então ele deve manjar.
Como é que é a casa dele?
Como é que é o carro dele?
Sabe aquele papo de...
Quantas vezes...
Também.
Onde que eu tirei essa história?
Quando os meus clientes todos buscam o UAU.
Superar a expectativa.
E aí, como é que chega até o UAU?
Antes, eu fui para reuniões de configuração no mundo inteiro, onde era para fazer o quê?
Saber que cor era a carpeta, que cor era o tecido, que cor era móvel.
Inclusive, teve um...
Lá bem lá atrás, quando a gente se conheceu, especificamos um avião conceito.
Foi publicado.
Foi um escândalo aquele negócio.
Foi muito legal.
Publicamos numa das únicas revistas de interior de aeronave do mundo.
Aircraft Interior.
Maravilhosa.
Eu estive em Cannes falando daquele conceito.
Foi muito legal.
E aí, para chegar nesse...
Não dá para ser imediatista.
Eu ia lá e pensava que o Marcelo já tem 5 minutos de fama com esse cara.
Aí, a partir disso, eu ia lá, porque eu tinha 5 minutos de fama.
Tem que ser rapidão.
Ele iniciava o papo dizendo, vamos falar sobre blindagem, vamos falar sobre cultivo de orquídeas, vamos falar sobre viagens de transatlântico com a Namco.
E nós vamos parar.
E aí, depois, que quebrou o fio gelo.
Pô, eu estou configurando o mais íntimo do cara.
Estou na casa dele, configurando o objeto de desejo dele para culminar o wall.
Então, isso quer dizer que eu preciso ter um repertório amplo.
Então, acho que essa é uma grande virtude ou deveria ser do empreendedor de sucesso.
O que diferencia os sonhadores dos fazedores?
Sonhadores dos fazedores.
O prefixo.
Um fazer e o outro sonhar.
E todos trafegam pelas dores.
Mas acho que, tirando as brincadeiras, é a ação.
É o protagonizar, a proatividade, que às vezes é muito mal entendida.
A proatividade é ir pular na frente do outro.
Não.
Você tem um papel que vai daqui até ali.
Respeitar o limite do outro.
Então, acho que isso é muito forte.
E eu tinha um professor, acho que até falecido já, um dos primeiros caras que mexia com escultura.
Uma vez eu falei com ele, professor, eu sou meio amador na arte.
Ele falou assim, já começou bem.
Os amadores são os que amam.
Eu falei, nunca tinha pensado nisso.
É o amador.
Um grande amigo, filósofo, ele fala, quem ama antecipa.
Então, nesse sentido, a diferença dos dois é que sempre tem esse lado, essa formiga que chega lá e faz.
De forma descriteriosa.
E também os fazedores, não que não sonhem, mas eles tem um algo a mais.
Um plus a mais com escultura.
Sim.
Fazer acontecer o sonho dele.
Acho que é por aí.
E a última, o que é design?
Puts, Grila, curto e grosso.
Eu acho que tem uma coisa que me acompanha, uma definição que me acompanha, e me incomoda também.
Que é de um cara que até...
Do John Esquit, assim.
Design é a extensão do braço humano.
E agora falando de braço, perna, de tudo, do interior, porque se a gente for pensar que nascemos pelados sem nada, morremos sem nada, para que a gente precisa de tanta coisa?
Somos frágeis.
Nós não sabemos.
Se você quer ter uma relação, é sentar numa guia de carro, assim, numa avenida.
Porque você sai da sua altura do carro e vai para a altura do para-choque.
Se aquela porcaria encostar em você, você está na roça já.
Então, a fragilidade do ser humano.
Nesse sentido, eu preciso de coisa, eu preciso mesmo parar.
Na hora que o homem ia matar o bisão, matava na porrada.
Ele estava com fome, mas ele ia lá, lutava, acho que depois de uns cinco dias, que ele tinha que se recompor, que ele ia comer alguma coisa.
Então, ele precisava de se amparar, de criar uns aparatos para tal.
Então, acho que essa extensão do braço humano, o design, acho que é muito poderoso nessa questão toda.
Eu preciso sentar e eu preciso criar um objeto para sentar.
Eu preciso andar e eu tenho um objeto para calçar, do ponto de vista do objeto.
Mas a gente pode expandir isso para tudo.
Perfeito.
Muito bem.
Nós entramos agora nas nossas sessões mais pesquisadas no nosso site, que é a indicação de leituras.
Quais livros impactaram a tua jornada?
Bom, acho que se for trazer lá, isso é uma coisa que muita gente não percebe, mas acho que por doutorado agora, tive uma orientação que mudou a minha vida.
A cada hora vai chaveando, vai diminuindo.
O que é o universo referencial teórico?
O que quer dizer isso?
Como você chegou ao que você é?
Quem te trouxe até aqui?
Eu sempre questionava.
Meu Deus, o que eu estou pensando assim?
Que saco!
Você é designer de luxo, mas gosta de sucata.
Fui lançar produto em Milão em 2010, se não me engano, e foi pinico.
Pinico com luminária, fazendo luminária ou peças de ferragem, que era de trem, que eu virou uma cadeira.
Você fala, mas de onde vem isso?
Eu sempre fiquei muito me questionando, e agora, no meu processo doutoral, eu fui fazer, desde quando o primeiro...
Você é platônico ou você é estotélico?
E vem, vem, vem...
E no final culmina com a tecnologia toda de Embraer.
Então, por exemplo, numa primeira fase, se você é o que é hoje, é porque você plantou alguma coisa lá atrás.
E parece que é nítido, minha vida profissional.
Adoro sapato.
Era o que a gente estava pensando.
Um dos primeiros...
E alguma coisa com a Holanda...
Os mineiros, se for um pouco mais longe, vieram portugueses e espanhóis na brincadeira.
O que eu tenho a ver?
Um livro que eu li, que era um livro chamado Os Patins de Prata, que é The Silver Skates, do Hans Brinker.
Coleção de moleque, é de ouro, em 1972, em 1975.
Era uma história de ausperação, de um cara que desenhava e fazia esculturas de sapato.
A primeira vez que eu fui para a Holanda, eu fiquei fascinado.
Nossa, existe mesmo!
Depois disso, eu desenhei uma porrada de coleção de sapato.
E aí nos conhecemos, mudamos a moda a partir dessa história toda de acessórios e tudo mais.
Outra fase da vida, o próprio livro que eu acabei de citar, que é O Desenho Industrial, de 1997, do John Eskett.
Para mim, é o seguinte, eu entrei em uma faculdade de arquitetura querendo desenhar objetos, e o ano que eu entrei, a disciplina caiu.
Eu falei, não acredito!
Eu quase fiz uma engenharia civil, que ali era muito forte nesse sentido.
Depois tive que me amparar nas outras coisas para essa abordagem multidisciplinar.
Mas ali, me esclareceu, de uma tal forma, o conceito do desenho industrial.
Isso é uma bela referência também.
Mais recentemente, um livro do Simon Sinek, Comece pelo Porquê, que é uma essência do projeto, de como é que eu começo pela história.
Eu sempre estou indo pelo como, pelo o quê.
Por que eu estou fazendo isso?
Aí você vê a questão do propósito.
É massa essas leituras.
Eu adoro muito mais técnicos, livros mais técnicos, mas tem uns que, se você coloca isso dentro do liquidificador, o psicólogo vai se dar super bem lendo isso, o geólogo...
É muito amplo, é holístico a parada.
Acho que um dos últimos livros que eu li, doutorado, foi um pouco até desesperador, que era O Choque do Futuro, do Alvin Toffler.
Acho que em 1998, por aí, não sei se é alguma redição, mas ele mostra o que a gente ia passar.
Ele é um futurista, que são poucos hoje.
A nova geração, futuristas somos nós, ou éramos nós.
Se acreditavam que queriam pensar lá na frente, um dia queriam ser doutor, um dia queriam fazer o podcast, o podbranding.
Hoje a geração é imediatista, não é futurista.
É o presentista.
E o próprio Toffler ou alguns outros autores tratam disso.
Uma geração que quer tudo agora.
E se amanhã eu sobreviver a isso agora, é lucro.
Como é que nós vamos chegar?
Vai ser o fim da humanidade?
Não vai?
Então são algumas obras emblemáticas que têm trazido bastante alento e desconforto no meu processo de aquisição de repertório.
Perfeito.
Só um lembrete a quem nos assiste, que nos acompanha, para facilitar o acesso, nós disponibilizamos os links destes livros diretamente na descrição aqui abaixo.
Além disso, eu convido vocês a explorarem a página livro em nosso site podbrand.design.
Lá nós reunimos uma curadoria com mais de 250 livros recomendados por nossos convidados.
Não deixem de conferir.
O link também se encontra na descrição.
Indo para o final, eu trago a pergunta da Débora Brum, fundadora da Comunicativa Fonoaudiologia Empresarial, que esteve recentemente no Podbrand.
Ela formulou esta questão sem ter ideia de que seria você o nosso próximo convidado.
Pergunta dela.
O que você acredita que a inteligência artificial não poderá substituir?
Bom, para os tudólogos, a gente já morreu.
Ela já vai substituir tudo.
Não vai ser só robô vivendo.
E eu estou fora.
Eu não quero ser robô sequer.
Eu estou fora.
Eu quero me relacionar.
É tão gostoso.
Eu dei um abraço a uma amiga.
Cara, que legal.
Fazia tempo que a gente não fazia isso.
Era tudo máscara, aquela coisa toda.
Mas acho que todo esse processo de tecnologia e, ao mesmo tempo, a gente atribui também algumas coisas que personifica.
A culpa é da tecnologia.
Cara, será?
O lápis desenha sem eu mexer?
É uma ferramenta.
Mas acho que a inteligência artificial não substituirá as emoções e os sentimentos humanos.
Meu, é muito complexo.
Embora tenha uma pesquisa gigantesca, tem algumas vertentes que estão desenhando o próprio ser humano e tudo mais, mas acho que está meio longe de acontecer.
Eu não sei se na minha geração nós veremos isso.
E eu ainda acho assim, evoluímos demais nos conceitos, em algumas discussões, que são extremamente pertinentes.
Eu já estava fazendo uma analogia, parece que nós estamos descendo uma ladeira com um caminhão de melancia.
Aí alguém freiou.
Aí a carga vai lá para trás.
Então está acontecendo essa carga aqui.
Então está todo mundo questionando, está tudo errado.
Na hora que ela voltar a estabelecer, para criar o equilíbrio, aí beleza, vai funcionar.
Porque eu acho que por que ela não vai substituir?
E não deveria.
O ser humano precisa aprender a ser mais humano.
E cada vez mais a gente está sendo longe disso.
E não é porque é tecnologia.
É a questão de caráter.
Talvez em umas épocas mais antigas, como é que eu domino um povo?
Vou lá e mato ele e acabou.
Os vikings e tudo mais.
Nós estamos desenhando a mesma coisa.
E a custa de quê?
Nós estamos conversando aqui numa boa e está tendo guerras.
Duas ou três guerras acontecendo.
Aí você pergunta para os mais jovens é assim que vocês brigam?
Se liga.
Então acho que fechando, a gente está buscando muito a questão da tecnologia e tal.
Tem muita gente estudando o hardware, o software.
E segundo um grande amigo, o Renan, ele fala do humanware.
O que o ser humano vai ser?
Então acho que frente a toda essa discussão, como é que nós iremos nos comportar se é que a gente aguenta essa pressão, a questão da saúde mental, a questão que a gente vive hoje, a era dos excessos.
Tudo é excessivo.
Então a história de o menos é mais, será que vai virar?
Já teve uma tendência de que não, para a geração o menos é boring.
Então para quê?
Porque eu preciso de excesso.
Mas em resumo, o ser humano continua ainda ser pensante com sentimentos aflorados, que acho que essa máquina não consegue ainda no curto prazo substituir.
E se você pudesse fazer uma única pergunta ao nosso próximo convidado, qual seria?
Uma única pergunta?
Acho que como ficaria, como é que ficaria a humanidade frente a esse avalanche de tecnologia?
Como é que... não tem uma regra, mas como é que ficaria?
Como é que a gente se comporta se tem alguma... alguma... uma saída, sei lá, algum toque para tal?
Muito bem, no próximo episódio teremos a resposta desta pergunta.
Marcelo, eu quero te agradecer muito.
Muito obrigado por se engajar ao nosso propósito e pela disposição em compartilhar o teu conhecimento.
Foi uma alegria reencontrar o amigo depois de tantos anos.
Obrigado de coração.
Igualmente, fico muito feliz de ser lembrado, tenho acompanhado já o programa há muito tempo, quando você lançou ele e tal, fiquei muito feliz.
Pô, o cara está ativo ali, a gente pede contato e ele diz ah, mas eu sei que são formigas no mundo que estão... comendo pelas berras.
Então, fico muito feliz de fazer parte desse hall, de ser... de amizade nossa durante muitos anos e de poder contribuir com o teu público através do meu curto conhecimento.
Mas é isso aí.
Muito obrigado, uma honra te ter no Podbrand.
Até breve!
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Nos vemos no próximo episódio aqui no Podbrand, o podcast do design.
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